14 de março de 2012

a minha vida continua a dar um filme!

pois é, tal como é habitual a minha vida continua a recheada daquelas situações, que aparentemente apenas acontecem aos outros. geralmente digo que a minha vida dava um filme, ou quando mais não seja uma trilogia literária, dividida em quatro volumes (porque me apetece que assim seja, entenda-se)

pois bem, ontem foi dia de ir a lisboa em trabalho o que de vez em quando acontece. vou saltar à frente o ter de acordar cedo, a viagem com o chefe dentro do carro, o nevoeiro, etc... o objectivo era uma reunião com os meus ex-colegas de trabalho, ali da travessa do carvalho, junto ao cais do sodré. nenhuma novidade para mim, pois confesso que gosto de regressar à minha antiga casa de trabalho, onde sou sempre recebido de braços abertos!
reunião resolvida, dirigi-me ao carro (do chefe entenda-se), estacionado num daqueles lugares dos senhores da emel em plena e movimentada avenida 24 de julho. estava calor (eram 16h um sol de cortar), resolvi tirar o casaco e guardá-lo na mala; tão depressa o fiz, como tão depressa inocentemente pousei as chaves do veículo no piso da bagageira. distraído bati a mala. ora num carro normal, este não tranca assim de forma voluntária. este pelo contrário, tem ao que aparenta um alarme temperamental que de quando em vez decide trancar todas as portas... o que quer dizer que fiquei eu trancado do lado de fora, com as chaves na bagageira!! espectacular! qual luís de matos qual quê!
o chefe aguardava que o fosse apanhar, para regressar ao norte o que me deixou apenas comigo próprio para resolver o dilema. informei-o do sucedido, obtendo o necessário aval para usar a força para resolver o assunto. assim fiz!
como sou um tipo tremendamente despachado, rapidamente localizei uma oficina automóvel perto (por acaso representante da marca do carro com o alarme temperamental), tendo um dos seus funcionários a amabilidade de me emprestar um martelo, para proceder à quebra de um vidro para resolver a situação. deixei ficar a minha carta de condução, como uma espécie de caução pelo martelo e fui decidido em direcção ao carro, ciente que tendo em conta a localização do carro, ia proporcionar um espectáculo bizarro a quem por ali passava.
arregacei as mangas e de martelo em riste, olhei à volta, ninguém passava a pé, os que de carro passavam na avenida não me assistiam e também não via nenhum agente da autoridade por perto. desferi o primeiro golpe no  pequeno vidro triangular de uma das portas traseiras. basicamente apenas consegui produzir uma pancada bastante audível nas redondezas, pois o vidro aguentou. segunda tentativa. o vidro continua inteiro, ainda mais barulho produzido e começam a olhar para mim as pessoas que entretanto por ali passavam. ignoro- aplico aquela que viria a ser a estocada (ou martelada) final e o vidro lá acabou por ceder, transformando a sua integridade física em centenas de pequenos pedaços de vidro que voaram um pouco por todo lado. ignorando quem olhava para mim e com toda a naturalidade que possível, retirei todos os pedaços de vidro presos à borracha da moldura do vidro, enfiei-me de cabeça e braço estendido dentro do carro. depois de rebater parcialmente o encosto do banco traseiro, tinha pois as chaves do carro na mão. assim que "saio" do carro e ainda com o martelo numa das mãos, encontro dois agentes da psp ao alto comigo a olhar para mim! perguntam-me o que penso estar a fazer, ao que respondo rapidamente enquanto agito as chaves numa mão e o martelo na outra: "fui eu que parti o vidro! o carro é praticamente meu e deixei ficar as chaves lá dentro. tive de tomar medidas drásticas!". ao início pareciam não acreditar no meu "drama", questionaram-me o que estava ali a fazer, depois pediram-me os documentos do carro, a minha identificação e a minha carta de condução (que disse ter ficado no stand em troca do martelo...) ao fim de 10 minutos estavam minimamente convencidos que não era um vândalo/marginal na verdadeira acepção da palavra. ainda com claras dúvidas sobre as minhas intenções lá seguiram a sua patrulha a pé. acho que ajudou debitar-lhes a morada completa e nome da empresa (donos do carro), depois de lhes ter passado os documentos para a mão, directamente do porta-luvas do carro, sem abrir da mica de plástico onde estavam guardados.
sentindo-me quase um macgyver, arranco com o carro, passo pelos senhores agentes a conduzir (eles sabiam que estava sem carta, podiam ter-se armado em mete-nojo e mandado parar), viro à direita e entro na garagem da oficina. os amáveis senhores do stand destacam de imediato dois mecânicos para tapar a ausência de vidro, enquanto me perguntam se quero usar o wc, apontando para a minha mão. tinha um pequeno corte que não sentira, escorrendo um fino fio de sangue pelo braço abaixo. nesse mesmo momento, na rua passam os dois agentes e reconhecem o carro na entrada da oficina.
que nem um patrão acenei e agradeci a atenção dispensada e virei costas em direcção ao wc!
agora  digam lá se a minha vida não tem momentos em que dava uma bela cena de um filme?

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