12 de setembro de 2011

dinâmicas de circunstância

serei eu obrigado a ser politicamente correcto com aqueles que me são indiferentes? fico cansado de ser o "mr. nice guy", mesmo com aqueles que não aparentam merecer esse meu esforço. o tempo geralmente trata de me fazer perceber, que a postura do "mr. nice guy" quando aplicada a seres de circunstância é naturalmente um puro exercício de desperdício do meu tempo. naturalmente a opinião de quem me aborrece a existência, em nada deveria influenciar o meu percurso terreno, mas assumo a dificuldade que tenho em trocar o "mr nice guy" pelo "bad boy" - que tantas vezes tenho de berrar, para que se sente num cantinho do meu subconsciente para não provocar estragos. simplesmente é algo que não está presente na minha  natureza, pelo menos num nível primário/animal/instintivo da coisa em si. talvez seja a maldita mania de tentar controlar o máximo de ponderáveis possíveis que me rodeiam (um péssimo hábito do qual me tenho vindo a tentar libertar...)
mas talvez esteja na altura de refrear este constrangimento pessoal, e soltar o "bad boy" cá para fora mais vezes. poderá haver o risco de algumas pessoas neste processo, mas tudo tem um preço nesta vida.

a) cenário hipotético (romanceado em factos irreais): estás tranquilamente a beber um copo com alguns amigos, num local público numa noite qualquer. de repente e no meio de centenas de pessoas que contigo existem neste determinado espaço, alguém  te confronta com uma pseudo-conversa da treta (na onda do mete nojo, és uma merda e faço questão de te dizer isso), com um discurso lateral, repleto de provocações, tendo como pretexto um determinado aspecto do meu vestuário. de notar que esta pessoa se faz acompanhar por um despojo de guerra e por uma amizade constipada, este último a única coisa que me fez prestar atenção a tal composição social. reacção? o "bad boy" bem esteve tentado em vir ao de cima, mas o cavalheiro que existe em mim, apenas conseguiu retorquir meia dúzia de vocábulos, em tom de indiferença, porque o "bad boy" estava já inflamado por alguns desvios e desejoso de partir para a violência. ora, a provocação, como mero desbloqueador de conversa, porque afinidade ali é coisa que nunca existiu, não me parece ser a melhor forma de encetar o diálogo. claramente uma busca pela polémica, numa nítida tentativa de encontrar justificação para os argumentos à minha pessoa dirigidos. confusos até este ponto? pois eu também fiquei confuso tendo optado por me escudar numa amizade que efectivamente fez questão de estar comigo nessa mesma noite, que me arrastou para longe daquela amálgama de interesses sociais.
mas isto a propósito de quê ao certo? o "bad boy" deveria ter tido carta verde para descer à falta de nível da personagem em causa, mas ainda bem que foi refreado, pois certamente iria acabar mal. o incrível é perceber que a tal amizade constipada, assiste ao "ataque" com uma naturalidade e indiferença arrepiante, sobretudo quando sabes que a pessoa em causa também nunca te aqueceu nem arrefeceu. mas as dinâmicas de circunstância têm destas coisas, ora num dia não estás nem aí, ora noutro dia te vês obrigado a subscrever as atitudes de réptil em causa. o "mr. nice guy" engole, armazena e processa à posteriori, o "bad boy" descarrega no ombro amigo da noite em causa. apenas posso concluir, que o "mr. nice guy" impediu de a amizade constipada levar por tabela.

b) cenário hipotético (romanceado em momentos distintos): estás tranquilamente a beber um copo com um amigo, no sítio e hora do costume, numa noite qualquer. de repente,  parte da dinâmica social anterior surge no meu horizonte. politicamente correctos, todos os cantos do quadrado traçam entre si pequenos pontos de contacto. tudo decorre dentro da rotina habitual do espaço em causa, mas sem que dois dos vértices tracem entre si algo de verdadeiramente próximo e genuíno. o respeito pela liberdade do canto oposto do quadrado, atenua uma vez mais a aparente indiferença que se constata nos últimos tempos.
mais tarde, nessa mesma noite, já sem a metade do quadrado correspondente, toda a dinâmica se altera. ainda que "com pézinhos de lã", de forma algo tímida e até mesmo apagada, entra-se em modo dito "normal", tudo o que aconteceu nas últimas semanas nunca aconteceu de facto sendo uma clara alucinação colectiva. pois aqui o "bad boy" sai à rua, reforçando a mesmíssima posição de circunstância anteriores. uma vez mais, o profundo respeito pelas liberdades individuais de cada um, impediu-me de alterar o posicionamento social, para o qual me reservaram lugar.

as dinâmicas de circunstância são algo que me fascina, pelo facto de serem capazes de trazer ao de cima o pior e o melhor de cada um de nós...

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